quarta-feira, 4 de maio de 2011

Acidente da matéria...

      E mais uma vez eu estava fora da sala. Tava lá tomando minha coca-cola e pensando bobagem como é de praxe quando eu chego perto da janela da sala: “O continente Africano teve seus recursos sugados pelo colonialismo e parasitismo da Inglaterra” falou o esquisito que ninguém sabe o nome, “ Mas hoje em dia a Inglaterra busca através de ações sociais estabelecer uma relação de paz e compensação com os prejudicados...” falou aquele menininho meigo que aposto que é a favor das cotas, “Mas a influência da Inglaterra não foi de toda prejudicial pois o Zimbabué permanece com a moeda mais valorizada do mercado...” interrompia aquela magrelinha esganiçada sem peitos, que não devia estar prestando muita atenção mas resolveu soltar qualquer asneira para participar daquele eloquente debate universitário de alto teor democrático. Era mais uma apresentação da aula de literatura inglesa e lá estava o núcleo critico da sala digladiando suas ideologias e embasamento culturais. Pensei por 3 segundos “Nossa, como o pessoal é articulado, queria ter um conhecimento especifico cultural assim para poder debater também” (não necessariamente pensei assim, foi mais um “Ceis são foda”).
    Passado os 3 segundos meus pensamentos se “trasmutamorfosearam” em “Quê quê o quê, Togo, Zimbabué e o capeta a quatro é o caralho”. Tinha tantas coisas mais importantes passando pela minha cabeça. Como o jogo do cruzeiro contra o Once Caldas, se tinha chegado dinheiro pra comprar mais pinga, se finalmente mudou uma vizinha gostosa pra casa da frente, e mais uns 10 quilos de putaria. As vezes é muito bom ser imbecil, acultural, e alienado. Acordo pensando “vou comprar pão e café” e não “Será que a inflação e a desvalorização do dólar me permitirão comprar alimentos ricos em fibras e sais minerais de maneira rentável até o final do mês”. É muito bom não buscar a cultura e criticidade todo dia, e não me tornar um cético, niilista ou um doidão que quer saber, do ponto de vista neurolinguístico, por quê o padeiro te deu bom dia. Tô inserido em uma cultura, como já dizia o velho sábio, por um mero acidente da matéria, não busco reafirma-la na rua com a cara pintada e um cartaz que diz “reformas agrárias já” (Já ví muito filósofo que mora em condomínio fechado fazendo isso, huehuehue).
     Bom dia ignorância, estamos bem, acordei hoje com a mente tranquila e pensando no que fazer. Do outro lado da cidade um “reacionário” também acorda: “Tenho que pensar nos efeitos psico-influenciais de eventos populares no imaginário social, o dólar subiu? Desceu? É o momento propício pra investir na bolsa? Esse leite na geladeira não me parece bom, vou fazer a contagem de suas células somáticas, e a Rainha da Inglaterra? Como está Togo, Somália, Zimbabué...

E tá doidão por lá.